Furioza: Top 1 da Netflix, filme para maiores compensa roteiro bagunçado com excesso de violência

Além das séries adolescentes coloridas e sem grandes reflexões, a Netflix começa a aprender que pode faturar com outra característica em suas produções: a violência. Nesta semana, o filme polonês Furioza (que estreou na plataforma no dia 06/04) pulou 85 posições e se tornou o número 1 como o mais assistido.

Dirigido por Cyprian T. Olencki, Furioza se concentra em mostrar a ação de um grupo de hooligans de um bairro da periferia litorânea do país, e que entrelaçam a vida de três amigos de infância.

Dzika (Weronika Ksiazkiewicz) é a policial que abre o enredo, e coloca contra a parede seu ex-namorado, o médico Dawid (Mateusz Banasiuk): ou ele entra para a gangue de vândalos chamada Furioza, do qual seu irmão faz parte, ou este mesmo irmão irá preso pelo envolvimento de todo o grupo com o tráfico de drogas.

Dawid (Mateusz Banasiuk) em Furioza
Dawid (Mateusz Banasiuk) em Furioza (Divulgação)

Pressionado, Dawid aceita ser um informante da polícia entrando no grupo organizado. O filme brutal, classificado para maiores de 18 anos, logo nos primeiros minutos coloca em cheque a competência do protagonista para lidar com sua nova missão. A todo momento o público é lembrado pelos diálogos que o médico já fez o irmão, Kazsub (Wojciech Zielinski) passar vergonha por não saber brigar.

Os hooligans retratados no filme apoiam a violência gratuita, com cenas em que aparecem como bárbaros aos gritos, e socos com uma gangue rival. Dawid só consegue de verdade ganhar a confiança do grupo ao usar suas habilidades médicas para salvar um dos brigões da morte. A partir daí, ele passa a fazer parte da família Furioza, e tomar frente em atitudes questionáveis. Uma delas é junto com o resto do grupo, ameaçar jogadores, e dirigentes de um time de futebol após uma derrota, e cenas de pugilato público.

Furioza (Divulgação)

Com duas horas de duração, o filme tem uma hora inteira de ‘lenga-lenga’,e se perde tal qual uma novela de Gloria Perez, ao tirar o foco do protagonista e abordar diversos núcleos e acontecimentos paralelos, um problema de narrativa que as cenas fortes ajudam a quebrar (com um tanto de paciência).

Existe uma tentativa da direção de mostrar a crueldade, e a crueza da violência, e o filme mesmo feito para maiores, não é gore, nem extremamente gráfico, mesmo numa das cenas mais pesadas, quando um dos membros da gangue tem o braço decepado por um traficante local. As coreografias pouco elaboradas de lutas, junto a edição, deixam a sensação de selvageria ainda mais fortes.

Furioza (Reprodução)

Furioza só ganha fôlego mesmo, a partir do início do terceiro ato, quando todos os personagens já estão devidamente apresentados, e dispostos no tabuleiro da trama sem muito o que esconder. O protagonista bom mocinho acaba flertando com a vilania em determinados momentos, fazendo com que o filme jogue uma luz sobre a violência de forma que quase a torna uma justificativa para todos os acontecimentos. Em determinado momento uma das personagens chega a afirmar que existe um código de ética mais bem seguido dentro dos hooligans, do que dentro de polícia.

O final do filme é apressado, mas guarda uma surpresa para os segundos finais, e deixa clara a mensagem de que não é possível lutar contra o destino, já que os personagens sempre voltarão para o lugar de onde vieram.

Nota: 6

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