CRÍTICA: O Caminho de Volta torna alcoolismo sutil ao se misturar com vida pessoal de Ben Affleck

Filme com pegada esportiva faz ainda mais sentido quando se sabe drama do ator

Protagonizado por Ben Affleck, O Caminho de Volta chegou à HBO Max há algumas e se tornou um dos filmes mais assistidos da plataforma. Bastante comentado na época de suas filmagens, ele levou o protagonista a um momento um tanto pessoal: reviver a dor que o alcoolismo provocava em sua vida.

Affleck, chegou a dizer que o filme era uma tentativa de fazer as pazes consigo mesmo depois de ter um casamento desfeito com Jennifer Garner, e dar adeus ao papel de Batman no DCEU.

Ele interpreta no longa Jack Cunningham, um ex-atleta, e promissora estrela do basquete no ensino médio, e que com meia idade trabalha numa empreiteira, e encontrou seu único jeito de lidar com o mundo à sua volta: bebendo.

Jack (Ben Affleck) em O Caminho de Volta
Jack (Ben Affleck) em O Caminho de Volta (Divulgação/ Warner Bros. Pictures)

Jack possui um sofrimento que vai sendo revelado ao público pouco a pouco, assim como sua ruina. Ele passa diversas cenas bebendo latas de cerveja durante o trabalho, e ao chegar em casa, e o que culmina sempre a situações humilhantes.

O diretor Gavin O’Connor quis fugir de retratar um drama sobre os underdogs do colégio que vencem através do esporte, e colocou muito mais do peso do filme no drama de seu protagonista. Inclusive, o fato de Ben Affleck ter vivido isso em sua vida pessoal é o que o torna tão próximo da realidade, e tão fascinante.

Jack (Ben Affleck) treinando o time de basquete em O Caminho de Volta
Jack (Ben Affleck) treinando o time de basquete em O Caminho de Volta (Divulgação/ Warner Bros. Pictures)

Mas existe um problema no alcoolismo mostrado no filme: ele tem um motivo para existir na vida do ex-jogador. Na vida real, pessoas que se tornaram alcoólatras, não precisaram necessariamente de um motivo. O mundo quase desabado de Jack sempre evoca que ele já foi uma estrela local do esporte, e faz ele se desesperar por não ter sido quem o mundo queria que ele fosse.

Quando seu emprego já não existe mais, e ele precisa se apoiar em algo para ter sua sanidade, ele volta para a sua cidade natal, para a casa da irmã, e recebe a proposta de um padre e professor de sua ex-escola católica, para ser o treinador de um time de basquete que nunca venceu.

Jack (Ben Affleck) em O Caminho de Volta
Jack (Ben Affleck) em O Caminho de Volta (Reprodução)

Jack é um ótimo treinador, quer colocar naqueles garotos a garra que eles não têm, ao mesmo tempo em que projeta nos jovens o futuro que nunca alcançou, nem sempre ele está sóbrio, mas o que seria uma história do tipo ‘o esporte o salvou do vício’, acaba virando outra coisa. A tentativa de aprofundar a história dos garotos no filme é bem ruim, com cenas soltas, que poderiam dizer muito mais que dizem.

O Caminho de Volta é um filme com uma boa construção dramática, e mostra o alcoolismo de forma muito sutil mesmo cometendo a besteira de tentar encontrar uma causa para ele numa antiga ferida de Jack.

Jack (Ben Affleck) treinando o time de basquete em O Caminho de Volta
Jack (Ben Affleck) treinando o time de basquete em O Caminho de Volta (Divulgação/ Warner Bros. Pictures)

Não é um filme que foi feito para ser um blackbuster, não é um filme sobre esportes, não é um filme que vai se aprofundar na dor de quem possui um vício, a câmera apenas segue seu personagem principal de longe, sem cobrar dele respostas. É um bom filme, e que mostra um Ben Affleck duro, porém completamente entregue. Vale a pena.

Jack (Ben Affleck) treinando o time de basquete em O Caminho de Volta
Jack (Ben Affleck) treinando o time de basquete em O Caminho de Volta (Divulgação/ Warner Bros. Pictures)

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