CRÍTICA: Desconcertante, Rugido é a série feminista que grita a dor abafada da mulher

Caracterizada pela estranha, série virou sucesso na plataforma da Apple

Baseada na obra de Cecelia Ahern, Rugido, série da AppleTV+ que acabou chocando alguns desavisados com seu conteúdo, e pegando o público de surpresa. O programa que é produzido e tem um episódio protagonizado por Nicole Kidman, tem em seu estranho modo literal de contar histórias, um de seus maiores méritos.

Chamada de ‘Black Mirror feminista’, a série tenta exatamente desnudar a alma feminina em cada antológica história.

Robin (Nicole Kidman) em Rugido
Robin (Nicole Kidman) em Rugido (Divulgação/ Apple TV+)

Nicole por exemplo interpreta uma mulher que vai levar a mãe, que sofre de demência para morar consigo, elas nunca se deram bem, mas serão forçadas a conviver juntas, e enquanto mágoas, angústias e desejos de poder fazer pela mãe o que nunca fez se alternam, a protagonista do episódio passa a comer, literalmente, fotografias antigas para reviver momentos e sensações que teve na época em que as imagens foram feitas.

Desconcertante para dizer o mínimo, mas não menos que o episódio em que uma estudante de mestrado, cansada de homens decide ter um relacionamento com um pato, que a conquista fingindo ser feminista.

Elisa (Merritt Wever) em Rugido
Elisa (Merritt Wever) em Rugido (Divulgação/ Apple TV+)

A série se propõe a contar as histórias de mulheres que muitas vezes se sentem invisíveis perante os seus, ou à sociedade. As histórias exploram relações de trabalho, e a incapacidade do mundo corporativo aceitar que uma mulher seja mãe, e que isso não afete seu trabalho, assim como explora a ótica de um casamento fracassado na história da mulher que devolve o marido tal qual uma mercadoria.

A “bizarrice” das histórias pode sim assustar, mas tudo é feito de forma intrigante, para levar o público à reflexão mesmo que da forma mais estranha. Alguns episódios não chegam a 30 minutos de narrativa, porém, a mensagem sempre está lá, muitas vezes explicada de forma que não dá o menor o espaço para que o espectador tire sua própria conclusão.

As feridas dessa mulheres são abertas e expostas, e infelizmente por se tratar de uma série que em cada episódio tem uma equipe de roteiro por trás, Rugido se torna não linear.

Robin (Nicole Kidman) em Rugido
Robin (Nicole Kidman) em Rugido (Reprodução/ YouTube)

A proposta de fazer as mulheres rugirem está clara desde a abertura de cada episódio, porém, se é o feminismo a essência da série, por que faltam mulheres trans ou mesmo mulheres que não sejam heterossexuais em seus episódios? É uma lacuna que talvez seja preenchida pela segunda temporada, se houver uma.

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