De Volta ao Baile é a nova comédia da Netflix protagonizada por Rebel Wilson. E por ser uma comédia feita por encomenda para um serviço de streaming, não deveria ser levada tão a sério (visto que está sendo detonada pelos críticos americanos).
O longa conta uma história que parece um compilado de diversas outras, e tenta incorporar e energia dos filmes adolescentes do final dos anos 1990, inclusive com várias referências. Stephanie Conway (Angourice Rice), a protagonista, não é uma jovem legal ou popular, pelo contrário, ela parece sempre ser colocada à margem por um motivo bobo: ter vindo de outro país.
Com isso, ela tem um único objetivo na vida, se tornar popular mesmo que seja às custas das amizades que ela construiu até então. E logo no início do filme, ela conta que conseguiu isso. Entrou para o time de líderes de torcida e se tornou capitã, passou a namorar o zagueiro do time de futebol da escola Blaine (Tyler Barnhardt, Justin Hartley), e a rivalizar com a garota que até então era a mais popular, Tiffany (Ana Yi Puig, Zoë Chao).
Stephanie nasceu em 1985, portanto seu último ano do ensino médio está acontecendo em 2002, carregado de nostalgia, e até referências musicais. Quem viveu nesta época sabe (pelo menos através de filmes e séries de TV) como as escolas americanas funcionavam, seu estranho sistema de castas, e como os alunos ditos populares, ditavam as regras, tinham privilégios e geravam inveja.
A protagonista acha que está prestes a viver o melhor momento de sua vida, por estar perto do modelo de felicidade fabricado que sempre sonhou ao sair do ensino médio porém um acidente muda tudo e ela fica em coma por 20 anos. Stephanie (agora Rebel Wilson) acorda com 37 anos, com a mentalidade de 17. Para ela, nem um dia se passou.
Sua personalidade errática, e egocêntrica faz com que ela convença sua amiga Martha (Mary Holland) que ela precisa voltar para o ensino médio para terminar o ano, mas a intenção não é estudar, e sim ganhar o concurso de rainha do baile, algo que ela prometeu que faria na adolescência, na tentativa de cumprir os objetivos da tal vida perfeita.
A Netflix é péssima em desenvolver sinopses de seus filmes, a primeiro momento a impressão que se tem é que o filme não passa de uma imitação barata de Nunca Fui Beijada (1999) por mostrar uma adulta adentrar o ambiente escolar, mas o filme é mais que isso, menos fofo, e muito mais desajeitado.
O longa não tem uma personalidade própria e não busca cria-la ao longo de quase 2 horas, mas tudo parece proposital para remeter a atmosfera de filmes como American Pie, Ela é Demais, Mal Posso Esperar, As Patricinhas de Beverly-Hills, 10 Coisas Que Eu Odeio em Você e simplesmente gerar nostalgia.
E isso gera um sacrifício estranho para sua personagem principal. Stephanie não consegue gerar identificação com o espectador por causa de sua necessidade absurda de se tornar rainha do baile a qualquer custo.
O choque dela acontece justamente ao perceber que a geração atual só se importa com popularidade on-line, e que prefere ter uma boa imagem a ser temida, que líderes de torcida e jogadores de futebol não significam mais nada na pirâmide social escolar.
O humor foi completamente concentrado em Rebel, e poucos são os personagens em torno dela que conseguem ter momentos engraçados.
E é necessário explicar o que são esses momentos engraçados: a incapacidade de Stephanie em lidar com a vida adulta (com certeza você que está lendo deve conhecer algumas pessoas assim, que nem ficaram em coma por 20 anos). O filme não tem uma mensagem clara, um objetivo, uma lição de moral, ou algo que toque quem está assistindo, a não ser uma breve cena entre a protagonista e sua mãe, já falecida. É um filme para sentar, assistir, e rir (se conseguir), sem maiores compromissos.
Inclusive aqui vai um adendo: A ‘geração Netflix’, que nunca baixou um filme, ou usou uma conexão discada na vida, NÃO VAI CONSEGUIR ENTENDER O FILME. Passe longe se você tem menos de 30 anos.
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