CRÍTICA: De Volta ao Baile até tem graça, se você tiver mais de 30 anos

Filme de comédia não tem personalidade própria e embarca em nostalgia para ganhar público, mas apenas quem entender as referências vai conseguir rir

De Volta ao Baile é a nova comédia da Netflix protagonizada por Rebel Wilson. E por ser uma comédia feita por encomenda para um serviço de streaming, não deveria ser levada tão a sério (visto que está sendo detonada pelos críticos americanos).

O longa conta uma história que parece um compilado de diversas outras, e tenta incorporar e energia dos filmes adolescentes do final dos anos 1990, inclusive com várias referências. Stephanie Conway (Angourice Rice), a protagonista, não é uma jovem legal ou popular, pelo contrário, ela parece sempre ser colocada à margem por um motivo bobo: ter vindo de outro país.

Com isso, ela tem um único objetivo na vida, se tornar popular mesmo que seja às custas das amizades que ela construiu até então. E logo no início do filme, ela conta que conseguiu isso. Entrou para o time de líderes de torcida e se tornou capitã, passou a namorar o zagueiro do time de futebol da escola Blaine (Tyler Barnhardt, Justin Hartley), e a rivalizar com a garota que até então era a mais popular, Tiffany (Ana Yi Puig, Zoë Chao).

Angourie Rice como Stephanie Conway jovem em De Volta ao Baile
Angourie Rice como Stephanie Conway jovem em De Volta ao Baile (Cr. Boris Martin/Netflix © 2022)

Stephanie nasceu em 1985, portanto seu último ano do ensino médio está acontecendo em 2002, carregado de nostalgia, e até referências musicais. Quem viveu nesta época sabe (pelo menos através de filmes e séries de TV) como as escolas americanas funcionavam, seu estranho sistema de castas, e como os alunos ditos populares, ditavam as regras, tinham privilégios e geravam inveja.

A protagonista acha que está prestes a viver o melhor momento de sua vida, por estar perto do modelo de felicidade fabricado que sempre sonhou ao sair do ensino médio porém um acidente muda tudo e ela fica em coma por 20 anos. Stephanie (agora Rebel Wilson) acorda com 37 anos, com a mentalidade de 17. Para ela, nem um dia se passou.

Sua personalidade errática, e egocêntrica faz com que ela convença sua amiga Martha (Mary Holland) que ela precisa voltar para o ensino médio para terminar o ano, mas a intenção não é estudar, e sim ganhar o concurso de rainha do baile, algo que ela prometeu que faria na adolescência, na tentativa de cumprir os objetivos da tal vida perfeita.

Rebel Wilson como Stephanie Conway em De Volta ao Baile
Rebel Wilson como Stephanie Conway em De Volta ao Baile (Cr. Boris Martin/ Netflix)

A Netflix é péssima em desenvolver sinopses de seus filmes, a primeiro momento a impressão que se tem é que o filme não passa de uma imitação barata de Nunca Fui Beijada (1999) por mostrar uma adulta adentrar o ambiente escolar, mas o filme é mais que isso, menos fofo, e muito mais desajeitado.

O longa não tem uma personalidade própria e não busca cria-la ao longo de quase 2 horas, mas tudo parece proposital para remeter a atmosfera de filmes como American Pie, Ela é Demais, Mal Posso Esperar, As Patricinhas de Beverly-Hills, 10 Coisas Que Eu Odeio em Você e simplesmente gerar nostalgia.

Jeremy Ray Taylor como Neil Chud, Rebel Wilson como Stephanie Conway, Avantika como Janet e Joshua Colley como Yaz em De Volta ao Baile
Jeremy Ray Taylor como Neil Chud, Rebel Wilson como Stephanie Conway, Avantika como Janet e Joshua Colley como Yaz em De Volta ao Baile (Cr. Boris Martin/Netflix)

E isso gera um sacrifício estranho para sua personagem principal. Stephanie não consegue gerar identificação com o espectador por causa de sua necessidade absurda de se tornar rainha do baile a qualquer custo.

O choque dela acontece justamente ao perceber que a geração atual só se importa com popularidade on-line, e que prefere ter uma boa imagem a ser temida, que líderes de torcida e jogadores de futebol não significam mais nada na pirâmide social escolar.

O humor foi completamente concentrado em Rebel, e poucos são os personagens em torno dela que conseguem ter momentos engraçados.

Zoe Chao como Tiffany e Justin Hartley como Blaine em De Volta ao Baile
Zoe Chao como Tiffany e Justin Hartley como Blaine em De Volta ao Baile. (Cr. Boris Martin/Netflix © 2022)

E é necessário explicar o que são esses momentos engraçados: a incapacidade de Stephanie em lidar com a vida adulta (com certeza você que está lendo deve conhecer algumas pessoas assim, que nem ficaram em coma por 20 anos). O filme não tem uma mensagem clara, um objetivo, uma lição de moral, ou algo que toque quem está assistindo, a não ser uma breve cena entre a protagonista e sua mãe, já falecida. É um filme para sentar, assistir, e rir (se conseguir), sem maiores compromissos.

Inclusive aqui vai um adendo: A ‘geração Netflix’, que nunca baixou um filme, ou usou uma conexão discada na vida, NÃO VAI CONSEGUIR ENTENDER O FILME. Passe longe se você tem menos de 30 anos.

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