CRÍTICA: Águas Profundas mira no suspense erótico, mas se transforma no filme sobre nada

Roteiro parece mal desenvolvido, e nem as cenas de sexo funcionam

Acho interessante o esforço de grandes artistas que se aventuram no mundo do cinema de baixo orçamento e algumas vezes até independente. Sempre existem boas ideias a serem contadas nesse tipo de material, mas isso não aconteceu com Águas Profundas, o thriller erótico protagonizado por Ben Affleck e Ana de Armas.

O filme feito em meio à pandemia em 2020, demorou a ficar pronto, demorou a ser adquirido por alguma produtora, e não foi para o cinema. Demorou tanto a chegar para o público, que o romance da vida real entre os protagonistas, terminou antes da estreia.

Lançado no Brasil pelo Prime Video, o filme não tem um ponto forte a não ser a popularidade de alguns de seus atores. Mas isso não é grande vantagem e filmes como Os Queridinhos da América (2001) provam isso. Escrito por Sam Levinson (de Euphoria), e dirigido por Adrian Lyne, mestre do suspense erótico dos anos 1990, a história parece mais uma colcha de retalhos, tamanha bagunça.

Melinda (Ana de Armas) e Vic (Ben Affleck) em Águas Profundas
Melinda (Ana de Armas) e Vic (Ben Affleck) em Águas Profundas (Reprodução/ Prime Video)

O filme segue a vida aparentemente perfeita de Vic (Affleck), um homem que acumulou dinheiro suficiente para uma vida confortável, numa aposentadoria precoce que ele goza em bem-estar ao lado de sua esposa Melinda (Ana) e de sua filha de quatro anos. O problema é que Melinda é uma mulher fogosa, e que explosivamente sexual.

Mesmo casada, não esconde seus desejos, se insinua para quem se sente atraída, tudo em festas em que o marido assiste à tudo impassível, e humilhado, com os amigos todos em torno pisando em ovos. Logo no primeiro ato do filme, quando é revelado que um homem que possivelmente teve um caso com Melinda desaparece, Vic diz que o matou.

O filme faz o jogo bem feito de esconder do público e de outros personagens a verdadeira essência de Vic. Não dá para saber se ele matou mesmo ou está dizendo isso para espantar outro possível affair da esposa.

Melinda (Ana de Armas) em Águas Profundas
Melinda (Ana de Armas) em Águas Profundas (Reprodução/ Prime Video)

Mas se até aqui, o roteiro parece promissor, ele vai se transformando a medida que os minutos passam, numa verdadeira obra da estranheza. Enquanto Vic tem seu personagem a mercê de um sisudo Ben Affleck (até o Batman parecia mais feliz), e aparece sendo amoroso com a filha, excelente com os vizinhos, Melinda é mostrada como uma megera.

Ela aparece gritando com a filha, impaciente, amaldiçoa o casamento, e faz com que Vic passe vergonha cena sim, cena não. O filme não conta com um grande clímax, nem com um grande suspense, já que nenhum personagem se mostra por completo.

Vic (Ben Affleck) em Águas Profundas
Vic (Ben Affleck) em Águas Profundas (Reprodução/ Prime Video)

Até a parte erótica do filme fica a dever, porque apenas insinua. Todo o sexo acontece fora da câmera, em sombras, ou mesmo sons, Melinda evita ser tocada por Vic, que também parece evitar os embates com ela. Aparentemente ele só quer a vitalidade que ela tem, e sua jovialidade para perseguir os amantes dela, e assim se sentir vivo de novo. Para Ben, que veio de grandes sucesso, Águas Profundas é um tiro no pé, e completamente esquecível.

O que você achou? Siga @siteepipoca no Instagram para ver mais e deixar seu comentário clicando aqui.

Veja mais ›