Shonda Rhimes, uma das autoras de televisão mais famosas do mundo sabe bem o que faz. Ela não temeu quando Regé-Jean Page, astro de Bridgerton anunciou que não estaria na segunda temporada da série da Netflix. A ausência dele não foi sentida, já que o enredo do novo ciclo de episódios foi embalado de forma a deixar os telespectadores muito mais atentos.
Embora seja raro isso, acontecer no mundo das séries, a segunda temporada de Bridgerton, supera de longe a primeira. E quem são os responsáveis por isso? Kate (Simone Ashley) e Anthony (Jonathan Bailey), o novo casal protagonista? A resposta é ‘não’. Os responsáveis são toda a equipe de roteiro e direção.
Baseada no livro de Julia Quinn, O Visconde Que Me Amava, os oito novos episódios da série mostraram a trajetória da família Sharma, e deixaram de lado as grandes técnicas visuais, o excesso de cores, e as cenas de sexo (tudo agora é sugestionado) para focar apenas no amor entre os personagens, tudo construído de forma lenta e gradual.
Diferente de Daphne, o irmão mais velho da família Bridgerton teve sua trajetória contada a partir do momento que assumiu as responsabilidades como chefe do lar. Ele deixou de viver sua juventude para assumir preocupações que não deveriam ser dele, um dos motivos pelo qual ele priorizava suas obrigações como provedor do lar, e sem dar vazão a nenhum tipo de sentimento romântico. Para Anthony, o casamento representava apenas uma obrigação social exigida para alguém de sua posição.
Kate por sua vez, do alto de seus 26 anos, acreditava que seu tempo de desposar-se já havia passado, e se contentou com as migalhas de felicidade que veria através da irmã, recheada com um bom dinheiro, que receberia. A protagonista é vibrante, e tem um quê de A Megera Domada.
A narradora da série, Lady Whistledown, agora reconhecidamente Penelope continua ainda mais sagaz, jogando com o público, tanto naquilo o que a personagem sabe, como aqueles acontecimentos que ela desconhece.
Bridgerton se despe de algumas muletas que a fizeram reconhecida em seu primeiro ano, como as músicas pop orquestradas cena após cena, para focar no aprofundamento das relações e personalidades.
Não só ações são vistas na tela, mas as entrelinhas são todas escritas para quem quiser fazer uma leitura mais aprofundada, e nem a rainha, que servia quase como figura decorativa anteriormente, escapou de ter algumas emoções colocadas à prova (muito disso como preparação para o spin-off que a personagem ganhará).
Bridgerton entrega uma história doce, sensível, e forte ao mesmo tempo, pregando cada vez mais o senso de família e os sacrifícios que todos fazem por pertencerem a uma. Ninguém escapa de lutar pela sua, e ou pela construção de uma nova. Essa é simplesmente a tônica desta temporada: uma batalha constante para defender os seus.
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