A atriz Kate Siegel teve sua cota de cenas fortes na produção de Missa da Meia-Noite, de Mike Flanagan para a Netflix. Existe uma, porém que fica marcada como a mais forte e inesquecível de toda a primeira temporada da série, que é a cena de sua personagem Erin e Riley (Zach Gilford) no barco, no final do quinto episódio.
Atenção! A partir daqui, spoilers para o quinto episódio de Missa da Meia-Noite em diante.
Em recente entrevista para o Collider Ladies Night, Kate fala um pouco mais sobre a cena, e sobre como se deu todo o processo de criação da cena para o momento em que as personagens se encontravam naquele momento da história. Ela até mesmo justifica as ações de Riley, por mais horrorizantes que tenham sido para sua personagem.
“Eu acho que por causa do dia que eles passaram juntos no dia ‘o que acontece quando a gente morrer’, ele tinha um pressentimento sobre a força interior dela e ele sabia e ele fala no barco, ‘eu nunca fui tão forte como você. Eu sei que você vai voltar. Eu quero que você vá embora, mas eu sei que você vai voltar‘. Então ele sabia, e eu só peguei aquilo como verdade, porque naquele momento Erin e Riley são honestos um com o outro.”
Outro fator que torna a cena tão marcante é o fato dos gritos de Erin continuarem após a cena ser cortada, seguindo créditos adentro. A atriz conta que a decisão partiu de conversas entre ela e o diretor sobre o momento de extremo horror:
“Mike e eu conversamos bastante sobre quanto tempo levaria para uma pessoa ser queimada viva, e como que seria o cheiro de algo assim e como que seria o visual de algo assim. O momento a momento autêntico do que iria acontecer na frente da Erin, que é porque eles continuam com o grito por cima dos créditos, pra dar esta sensação de tempo, de quanto tempo leva.”
A atriz também fala um pouco sobre seu ponto de vista das consequências do acontecido, de como a sua personagem encara a perda de Riley e de como ela acaba se encontrando em uma situação sem saída, sendo forçada a agir por falta de outra pessoa para assumir a responsabilidade:
“É engraçado quando você diz que ela consegue superar tudo porque eu nunca achei que que ela tivesse. Eu sinto como que daquele momento para a frente, você nunca mais vê a Erin sorrir. E e ela não vai até ver o Riley de novo. E então o que aconteceu foi, na minha opinião – essa que é a beleza da arte é que é completamente aberto para interpretação e a sua opinião, espectador, é tão válida quanto a minha, a atriz – é que Erin naquele momento sabe que ela vai estar sacrificando a vida dela pela comunidade. E ela passou por algo tão traumático que ela fica em choque pelos próximos dois episódios. Em questão de tempo, passou apenas um dia. E ela sabe disso e ela vai ficar naquele barquinho na minha cabeça até que ela esteja na igreja, e entao ela começa a ver isso acontecer e você meio que vê a Erin despertar quando as pessoas estão segurando os copos ela está tipo, ‘Espera. Não. Não! Nós temos que fazer algo‘. Porque antes disso, ela ainda não tinha digerido direito, em alguns casos literalmente porque ainda tem um monte da cinzas pairando no ar, ela ainda não digeriu o Riley. Então ela é o heroi relutante. As cinzas queimaram e a Erin olha em volta e pensa, ‘p*ta merda, não tem mais ninguém além de mim. Acho que sou eu que tenho que fazer as coisas’. Então ela não é a Ripley [de Alien]. Ela não é a Xena a Princesa Guerreira. Ela está relutante e não se sente capaz de fazer nada a não ser salvar as pessoas que ela ama.”
A primeira temporada completa de Missa da Meia-Noite está disponível na Netflix.
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.
