O intérprete do Homem-Aranha, Andrew Garfield, lembra com carinho de quando teve a oportunidade de trabalhar com David Fincher e da vez em que o diretor o obrigou a gravar a mesma cena mais de 40 vezes, em entrevista com a Collider.
O ator que foi protagonista do Espetacular Homem-Aranha e que talvez esteja no próximo filme do super-herói, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, relembra um momento curioso com o diretor David Fincher, com quem trabalhou nas gravações de A Rede Social, onde Garfield interpretava o brasileiro Eduardo Saverin, cocriador do Facebook.
Em recente entrevista, perguntaram a Andrew sobre Fincher, e sua maneira única de trabalhar nos sets, fato este que já é de conhecimento da indústria de filmes. O ator conta sobre o momento mais marcante da experiência, que em sua opinião é um perfeito exemplo de como é trabalhar com o diretor:
“Jesse dava uma fechada violenta no laptop, aquele dia, aquele maldito longo dia, e Fincher sendo um baita paizão naquele dia. Ele era o perfeito pai dos esportes. Ele ficava me instigando com, ‘Continua fazendo isso, e você pode continuar fazendo isso, acreditar que você pode continuar fazendo… Eu sei que eu vou pedir para você fazer isso um montão de vezes, e sua voz vai acabar ficando cansada, e seu coração vai acabar ficando cansado, e seu corpo vai acabar ficando exausto, e eu sei que você vai acabar me odiando, e está tudo bem, porque nós vamos conseguir fazer isso absolutamente perfeito.”
Garfield confessa que, apesar da frustração e do cansaço pelos contínuos takes, a consideração e respeito do diretor o tocou de uma forma diferente, que acabou se tornando inesquecível na mente do ator:
“E aí no final, em vez de dizer, ‘Nós vamos prosseguir agora’, eu estava sentado no chão depois de gravar 35, 40 takes do meu close daquela cena, que você pode imaginar teria sido um monte de gritos e agonia. E eu me sentei no chão, só limpei o suor, exausto, pensando que nós provavelmente iríamos repetir aquela cena de novo mais umas outras dez vezes. Ele só caminha na minha direção, no final daquele corredor com esse monitor, e ele tira a mão na minha frente e me puxa do chão e aperta a minha mão, e ele diz, ‘Continuando’. E foi isso. Então aquele foi um momento lindo. Eu me senti gratificado. Deixar tudo no campo. Aquele foi um dia lindo. Eu amei.”
Diretor faz isso para garantir uma performance natural dos atores
Outra coisa que também contribuiu para Garfield ter lembranças boas do trabalho em conjunto com David foi a compreensão do processo mental do diretor, e o motivo por trás do profissional gravar tantas e tantas vezes a mesma cena. Ele conta que consegue enxergar que o processo leva a cenas que capturam a atenção dos espectadores de forma diferente:
“Uma das coisas que eu entendo sobre o porquê ele grava aquela quantidade de takes é que ele está tentando fazer isso com o ator com para que o ator esqueça que ele está sendo filmado. Então aquilo é parte da mágica das performances em cada um dos filmes dele, eu acho. Ele está procurando por aquele momento em que você esquece o que está acontecendo, e há uma pureza e uma vulnerabilidade e uma abertura, e o público responde a isso em uma maneira profundamente inconsciente. De repente não existe mais atuação, não existe mais performance, é só puro. Eu acho que é uma parte do que eles está procurando, e também, ele é bem preciso. Ele consegue ver. Eu acho que ele já disse isso antes, eu não acho que estou falando errado, ‘É como ser um apanhador em um jogo de beisebol’.”
Andrew Garfield não tem nenhum outro projeto futuro com Fincher no horizonte, mas pode ser visto nas telonas em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, que estreia nos cinemas dia 17 de dezembro.
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.
